domingo, 15 de dezembro de 2013

A criança e a aprendizagem no hospital

Concepção da criança


A criança é um ser lúdico que faz suas próprias construções através do brincar, do encenar, do estabelecimento de vínculos afetivos e de situações prazerosas que a auxiliam na construção e na reorganização de suas idéias e sentimentos sobre o mundo, as pessoas e sobre si mesma.

Ela amplia o conceito de mundo através da estimulação de suas habilidades, de desafios propostos, partindo do pressuposto de que já existe nela uma capacidade de adquirir o conhecimento, ou seja, que ela é um sujeito participativo e interativo na construção do conhecimento e de seu processo de desenvolvimento. (...)

Trecho retirado do site: Portal Fundação Espírita Cárita http://www.fundacaoespiritacarita.org.br/index.php
Acesso em: 15/12/2013 às 14:47h.



A doença na infância aparece como algo não esperado, estranho às características próprias que se imaginam para essa fase do desenvolvimento. A hospitalização, quando se faz necessária, é sentida como uma ruptura no processo de desenvolvimento, interferindo na qualidade de vida e influenciando intensamente na rotina da criança, bem como de toda estrutura familiar e social na qual está inserida. Dessa maneira, todos aqueles que estão de alguma forma envolvidos na nova situação precisam se adaptar e aprender a conviver com ela.

Trecho retirado do livro VIDYA, v. 24, nº 42, p. 188, jul./dez., 2004 - Santa Maria, 2007. Capítulo-HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL E EDUCAÇÃO: CAMINHOS POSSÍVEIS PARA A CRIANÇA DOENTE,  Saccol, Camila S.; Fighera, Jossiele; Dorneles, Letícia.



terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A Educação no Âmbito Hospitalar





Ao se pensar na relação entre educação e hospitalização, constata-se, com base na literatura, que essa integração entre o pedagógico e o ambiente hospitalar surge para garantir o direito ao atendimento pedagógico-educacional durante o período de internação de crianças e adolescentes. Tal modalidade de atendimento denomina-se classe hospitalar, que é assim definido pelo Ministério da Educação (MEC):

Um ambiente hospitalar que possibilita atendimento educacional de crianças e jovens internados que necessitam de educação especial e que estejam em tratamento hospitalar. (BRASIL, 1994, p.20).

De acordo com Fontes (2005), a primeira classe hospitalar no Brasil foi instituída em 1950 no Hospital Municipal Jesus, no Rio de Janeiro, e está vigorando até hoje. A proposta de escolarização das crianças e jovens internados tem o intuito de diminuir o fracasso e evasão escolar, utilizando uma metodologia que consiste na atuação de professores em hospitais nos moldes da escola regular. Segundo Fonseca (apud Ortiz; Freitas, 2005, p. 52), classe hospitalar é entendida como:

Locus específico da educação destinado a prover acompanhamento escolar a alunos impossibilitados de freqüentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar ou atendimento ambulatorial.

Ceccim (1999) define que a classe hospitalar enquadra-se como atendimento pedagógico-educacional, que afiança a preponderância nas funções do ensino: instrução escolar, desenvolvimento nos processos psíquicos e intelectivos e na produção de aprendizagens, sendo, pois, um delineamento de “escola no hospital”.
    
Na concepção de alguns pesquisadores, como Taam (1997), da Universidade Estadual de Maringá, a classe hospitalar sugere uma prática pedagógica diferenciada da tradicional (trazer a escola para dentro do hospital), levando em consideração o tempo e o espaço no qual a criança está inserida. Para que essa concepção seja possível, torna-se necessário que os profissionais da educação envolvidos neste contex to tenham a recuperação da saúde como objetivo primordial, da mesma forma que todos os profissionais que trabalham no hospital. Um dos objetivos da classe hospitalar é promover o bem-estar da criança no ambiente de internação hospitalar, bem como o de proporcionar o direito de receber educação, independente do espaço físico no qual se encontra.
    
A educação, nesse contexto, transforma-se e cumpre um papel fundamental de modificar o mundo. Como diz Freire (1997, p. 110), “a educação é uma forma de intervenção no mundo”, mesmo em um ambiente caracterizado por sentimentos de medo, dor, sensibilidade e mágoas.
Por meio da classe hospitalar, a possibilidade de reconstrução da vida torna-se menos distante, na medida em que o conhecimento contribui no resgate da subjetividade desses sujeitos marcados pelo sofrimento.
    
A partir do momento em que esses sujeitos internados recebem a oportunidade de dar continuidade à aquisição do conhecimento, por meio da ação educativa no hospital, o processo de hospitalização e conseqüente ruptura da vida diária tornam-se menos dolorosos, na medida em que desmistificam as fantasias, os medos, as angústias e o significado da doença exteriorizado pela criança. Essa forma de exteriorização ocorre por meio do processo pedagógico que proporciona uma construção do conhecimento sobre o ambiente, a rotina e até mesmo sobre as informações médicas a respeito da doença.
     
Um dos desafios com que os educadores precisam lidar constantemente consiste em pensar estratégias que proporcionem à criança vivenciar o saber como uma possibilidade de vida. Isso não é tarefa fácil, pois a tentativa de promover a educação como possibilidade de vida e de prazer é realizado dentro de um ambiente marcado por perdas, dor e morte, tendo influências diretas na criança. Amenizar e canalizar essa influência negativa é que talvez consista no maior desafio. Entretanto, é dialogando sobre esse ambiente, sobre esse espaço e tudo o que nele ocorre, que a pedagogia demarca sua importância e se constitui em uma escuta diferenciada que possibilita a esses profissionais educadores penetrarem num mundo sem cor e proporcionarem a essa criança, conforme referem Ortiz e Freitas (2005, p. 14), “uma linguagem do investimento do outro e um saber com sabor de vida.” Dessa forma, para se atingir esse objetivo e superar as dificuldades, os profissionais educadores necessitam ter paciência, tolerância à frustração e compreensão das limitações do paciente que se encontra fragilizado física, emocional e, muitas vezes, até intelectualmente. Dessa forma, o atendimento hospitalar educacional requer um sistema estruturado, capaz de dar conta de todos esses fatores. Além disso, também é preciso contar com os educadores qualificados que não poderão atuar sozinhos, mas cercados por uma equipe de profissionais da saúde, bem como da família, valorizando diferentes perspectivas para que a internação seja possível e atinja seu objetivo.

     
É por meio do trabalho interdisciplinar, da busca pelo mesmo interesse, do desenvolvimento integral do ser humano, considerando o indivíduo como um sujeito global, que será possível que as crianças em sofrimento psíquico que se encontram no ambiente hospitalar tornem-se sujeitos mais respeitados.
     
A função da educação na classe hospitalar, além de permitir à criança a aproximação com o ambiente escolar e a continuidade da construção do saber, é o de impedir que o processo da hospitalização traga prejuízos ao período de desenvolvimento dessa criança e que a gama de sintomas e experiências traumáticas decorrentes desse processo não seja provocador de quadros psicopatológicos, como Roza (1997, p. 170-171) nos aponta.
     
Nos bebês, evidenciam-se inibições psicomotoras, distonias, apatias, debilidade psicomotora, dispraxias, distúrbios da alimentação e sono. Nas crianças maiores, os transtornos relativos ao estresse grave se manifestam como depressões, fobias, distúrbios de compor tamento, agressividade, agitação psicomotora, perda do controle esfincteriano, anorexia e insônia.
Para que o processo de internação hospitalar não provoque prejuízos à integridade físico-emocional e nem se torne agressor no processo de estruturação da personalidade da criança, é de grande relevância que toda a equipe, familiares e profissionais educadores observem se a criança apresenta sintomas e problemas de personalida-de decorrentes das experiências traumáticas associadas ao ambiente da hospitalização. Tais informações são de ex trema relevância, pois, conforme nos diz Yañez (1998), possíveis interferências na estruturação subjetiva podem se constituir em causas que fraturam o processo das aquisições cognitivas e da aprendizagem.


     
Para aprender, não é suficiente dispor de uma capacidade lógica, mas também é preciso o desejo. É necessário, por tanto, que o objeto de conhecimento esteja situado numa rede simbólica que lhe outorgue uma significação.

   
Nesse ambiente marcado pelas rotinas das internações, conforme Ortiz e Freitas (2005), que, na maioria das vezes, não vislumbram a subjetividade e seus contornos emocionais, culturais e sociais na criança, fica a preocupação com a devastadora influência do adoecimento e da internação hospitalar no processo de desenvolvimento desse paciente, quando este é cerceado em seu transcurso de ser humano livre e saudável. Dessa forma, percebe-se que não há um sujeito de desejo levado em conta e, para que a ação educativa tenha resultado, é necessário esse investimento por par te dos profissionais para que um sujeito do desejo possa emergir novamente, falando em nome próprio.  Necessita-se, entretanto, produzir, conforme nos diz Pinho (2001), a junção de dois campos absolutamente heterogêneos: o corpo e a linguagem, sendo o enlace entre esses dois campos o caminho essencial para a estruturação de um sujeito.

     
A integração da saúde e educação no hospital pode tornar possível o resgate da estruturação subjetiva. É essa realidade do hospital e da doença que é colocada em cena com os objetos da realidade a par tir do processo de aprendizagem, quando realizado na forma lúdica. Dessa forma, a educação hospitalar tem o intuito de fazer com que a criança hospitalizada conviva com a doença da melhor forma possível e sinta-se uma criança com sua identidade e individualidade preser vadas. Desse modo, o atendimento pedagógico pode evitar que esses pacientes, crianças considera-das “diferentes” pela experiência par ticular de internação hospitalar, tornem-se estigmatizados e desacreditados de suas potencialidades. Além de ser uma luta a favor da vida, é uma luta contra a

evasão e o fracasso escolar posterior ao proces-so de internação hospitalar. Segundo Ortiz e Freitas (2005, p. 20), a criança hospitalizada é tão plena como todas as outras, e o que lhe resta não é atingir o que lhe falta ser, adquirir um desempenho compatível com as normas da sociedade; mas expandir o que realmente é, ou seja, afirmar-se em sua singularidade.



A escolarização hospitalar tem ainda, antes de tudo, o objetivo de resgatar a singularidade de cada criança que chega na classe hospitalar,

pois traz consigo um quadro emocional único. Após deixá-la segura, o professor entrega-se ao processo educativo. 


Texto retirado do livro VIDYA, v. 24, nº 42, p. 181-190, jul./dez., 2004 - Santa Maria, 2007. Capítulo-HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL E EDUCAÇÃO: CAMINHOS POSSÍVEIS PARA A CRIANÇA DOENTE,  Saccol, Camila s.; Fighera, Jossiele; Dorneles, Letícia. 


domingo, 1 de dezembro de 2013

A Criança Hospitalizada





O adoecimento geralmente é percebido pelo paciente como uma ruptura no processo normal de desenvolvimento, uma inadequação, um fenômeno indesejado que acomete o sujeito, sendo capaz de mudar tudo que ele já havia estruturado até o momento. Além disso, o adoecimento não acomete unicamente o paciente e, sim, toda sua família e o círculo social em que vive.
Quando o paciente em questão é criança, tudo pode ganhar maiores dimensões justamente em função da fase do desenvolvimento em que o paciente se encontra. Para Ajuriaguerra (apud SAGGESE; MACIEL, 1996), a situação de adoecimento corporal provoca na criança uma grande quantidade de modificações de ordem subjetiva relacionadas às mudanças corporais, ao desconforto, ao medo da morte e aos remanejamentos necessários no contexto familiar. A angústia frente ao desconhecido é um elemento sempre presente, aliado aos sentimentos de auto desvalorização perante outras crianças, decorrentes das limitações físicas que a doença impõe e da impossibilidade de reagir como anteriormente às demandas ambientais.
Campus, Álvares e Abreu (2004) sublinham que, tanto através de trabalhos publicados quanto na própria prática clínica, as emoções mobilizadas pelo adoecimento de uma criança são diferentes das despertadas quando do adoecimento adulto. Penna (2004) concorda com essa idéia e especifica que o papel que o doente ocupa na família acarretará diferentes reações nos outros membros. Nesse sentido, pode-se pensar na grande mobilização gerada pelo adoecimento infantil.
Um ponto que deve ser ressaltado e investigado com relação ao adoecimento infantil são as fantasias mobilizadas em decorrência dessa situação. As fantasias surgem justamente como uma ancoragem segura, funcionando como pontos de certeza em momentos marcados pelo não-saber frente ao desconhecido. As fantasias são uma forma de equilíbrio psíquico utilizado de forma inconsciente pelo sujeito a fim de se proteger da angústia ameaçadora que o invade.
Saggese e Maciel (1996) afirmam que esses aspectos são intensificados nas doenças graves e crônicas e, principalmente, quando essas exigem internação hospitalar. O contexto institucional hospitalar implica o desconhecido para a criança, com a perda do ambiente doméstico, da esfera familiar em todo o seu aparato, a quebra do ritmo de vida, com a perda da escola e dos horários habituais e a adaptação a um novo sistema. Dessa maneira, a criança é confrontada com a vertente deficitária de seu próprio corpo, com outras crianças adoecidas, com a situação de morte, ficando também submetida aos procedimentos técnicos da equipe de saúde e à manipulação física, que podem ser sentidos como incômodos e dolorosos.
A experiência da hospitalização pode ter seus efeitos negativos minimizados quando as crianças, principalmente na pré-escola, entram em contato com outras, também acometidas por enfermidades. Essas poderão tratar das dificuldades enfrentadas de diferentes maneiras (YOUNGBLUT; BROOTEN, 1999), sendo que essa troca pode melhorar a qualidade de vida dessas crianças que possuem doenças crônicas. Ainda sobre o relacionamento social de crianças doentes, Lino (1994) coloca que o adoecimento físico também pode gerar na criança sentimentos de baixa auto-estima. Isso fica evidenciado na dificuldade que algumas delas apresentam para estabelecer um convívio social saudável. O problema do adoecimento pode se configurar como mais um obstáculo para a criança no relacionamento com seus pares, tendendo a isolar-se para não demonstrar seu sofrimento, por temer a rejeição.
Para Oliveira, Dias e Roazzi (2003), o ambiente hospitalar - com seu típico caráter asséptico – é em geral aterrorizante, pois não existe nada nesse lugar que a criança possa identificar com suas experiências anteriores. Além disso, a debilitação física e emocional nesse momento contribuem para a vivência desprazerosa dessa situação. A equipe de saúde, por sua vez, preocupa-se em demasia com o tratamento do órgão doente, esquecendo de olhar a criança de forma integral e desconsiderando as especificidades de cada fase do desenvolvimento. Dessa maneira, a equipe pode não oferecer a continência necessária e não auxilia, de modo algum, no enfrentamento da situação de hospitalização pela criança.
Percebemos ser necessário, nesse momento, esclarecer sobre o corpo de que estamos falando, tendo em vista os diferentes olhares existentes sobre ele. O nosso objetivo aqui não é falar sobre a dimensão médica do corpo, que o considera um emaranhado de órgãos ligados entre si, mas sim considerar o corpo baseado na teoria psicanalítica, que o entende como corpo erógeno.
(...)
A internação pode implicar uma série de sentimentos de desconforto, inclusive o processo de despersonalização - muito comum no ambiente hospitalar e em grandes períodos de internação - pois o paciente passa a ser tratado em função do quadro de sintomas que apresenta e não mais pela sua singularidade enquanto indivíduo. Com relação a isso, Souza, Camargo e Bulgacov (2003, p. 102) ressaltam que “a criança concreta, que está atualmente internada em um hospital, tem um nome e, por tanto, possui uma história que a faz singular”.
Para Chiattone (2003), vários são os efeitos psicológicos que podem ser citados como conseqüência da hospitalização em crianças, entre eles estão: negação da doença, revolta, culpa e sensação de punição, ansiedade, depressão, projeção, solidão, frustração de sonhos e projetos, negativismo. O autor acredita que os efeitos da hospitalização estão diretamente relacionados à faixa etária da criança. Por exemplo, para uma criança na faixa etária entre 0 a 18 meses, os efeitos da hospitalização são tensão, agitação e insegurança. Já em uma criança com idade entre os 6 e 12 anos, esses efeitos se traduzem por sentimentos de raiva/culpa, ressentimento por ser diferente, interferência nas relações com o grupo, faltas escolares, entre outros.
Além da faixa etária, existem outros fatores capazes de interferir na maneira como a criança vivencia essa experiência de hospitalização, entre eles estão a situação psicoafetiva da criança no momento da doença/hospitalização, a personalidade, a capacidade de adaptação e as experiências vividas durante a hospitalização.
Para Mitre e Gomes (2004), a hospitalização, além de afastar a criança de sua vida cotidiana, promove um confronto com a dor, com a limitação física e com a passividade, podendo despertar sentimentos de culpa, punição e medo da morte.
Segundo essas autoras, para que a criança consiga elaborar essa experiência de desprazer, é preciso que ela disponha de instrumentos de seu inteiro domínio e conhecimento, sendo o brincar uma das formas possíveis de intervenção nesses casos.
Uma questão interessante é com relação à forma como a criança entende sua doença e conseqüente hospitalização. Em alguns casos, a criança pode entender a doença e hospitalização como uma punição por algum “delito” que ela tenha cometido. Isso pode acontecer em função do pensamento mágico e onipotente que a criança apresenta em determinadas fases do seu desenvolvimento.
Após uma extensa revisão sobre o tema criança e hospital, os autores Souza, Camargo e Bulgacov (2003) descobriram que as pesquisas que estão sendo realizadas atualmente deixam uma lacuna no que diz respeito ao estudo da emoção no contexto de pessoas hospitalizadas.


O estudo constatou a predominância de comportamentos de repressão dos sentimentos (“ela é boazinha”, “menino não chora”), em que é reproduzida na situação hospitalar a prática de que as crianças não devem expressar suas emoções. Além disso, também é comum, quando a criança expressa sua raiva e comportamento agressivo, que as pessoas presentes tendam a ignorar esses comportamentos, não validando sua expressão e, com isso, não valorizando a emoção presente em tais situações.

Texto retirado do livro VIDYA, v. 24, nº 42, p. 181-190, jul./dez., 2004 - Santa Maria, 2007. Capítulo-HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL E EDUCAÇÃO: CAMINHOS POSSÍVEIS PARA A CRIANÇA DOENTE,  Saccol, Camila s.; Fighera, Jossiele; Dorneles, Letícia.

Clicando no link você terá acesso a Carta da Criança Hospitalizada, ela foi adaptada em 1988 em Leiden/Holanda é uma listagem dos direitos da criança antes, durante ou depois de um internamento hospitalar.





terça-feira, 26 de novembro de 2013

Origem da Pedagogia Hospitalar

Sua história...

   A Classe Hospitalar tem seu início em 1935, quando Henri Sellier inaugura a primeira escola para crianças inadaptadas, nos arredores de Paris. Seu exemplo foi seguido na Alemanha, em toda a França, na Europa e nos Estados Unidos, com o objetivo de suprir as dificuldades escolares de crianças
tuberculosas.

   Pode-se considerar como marco decisório das escolas em hospital a Segunda Guerra Mundial. O grande número de crianças e adolescentes atingidos, mutilados e impossibilitados de ir à escola, fez criar um engajamento, sobretudo dos médicos, que hoje são defensores da escola em seu serviço.

   Em 1939 é Criado o C.N.E.F.E.I. – Centro Nacional de Estudos e de Formação para a Infância Inadaptadas de Suresnes, tendo como objetivo formação de professores para o trabalho em institutos especiais e em hospitais; Também em 1939 é criado o Cargo de Professor Hospitalar junto ao Ministério da Educação na França. O C.N.E.F.E.I. tem como missão até hoje mostrar que a escola não é um espaço fechado. O centro promove estágios em regime de internato dirigido a professores e diretores de escolas; os médicos de saúde escolar e a assistentes sociais.

   A Formação de Professores para atendimento escolar hospitalar no CNEFEI tem duração de dois anos. Desde 1939, o C.N.E.F.E.I. já formou 1.000 professores para as classes hospitalares, cerca de 30 professores a cada turma.

File:Henri Sellier 1936.jpg

Henri Sellier fundador da primeira escola para crianças inadaptadas, em Paris.


Legislação

   No Brasil, a legislação reconheceu através do estatuto da Criança e do Adolescente Hospitalizado, através da Resolução nº. 41 de outubro e 1995, no item 9, o “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”.

   Em 2002 o Ministério da Educação, por meio de sua Secretaria de Educação Especial, elaborou um documento de estratégias e orientações para o atendimento nas classes hospitalares, assegurando o acesso à educação básica. Em Santa Catarina, a SED baixou Portaria que “Dispõe sobre a implantação de atendimento educacional na Classe Hospitalar para crianças e adolescentes matriculados na Pré-Escola e no Ensino Fundamental, internados em hospitais” (Portaria nº. 30, SER, de 05/ 03/2001).

   Todo o aluno que freqüenta a classe possui um cadastro com os dados pessoais, de hospitalização e da escola de origem. Ao final de cada aula o professor faz os registros nesta ficha com os conteúdos que foram trabalhados e outras informações que se fizerem necessários.

   O aluno que freqüenta a classe por três dias ou mais é realizado contato telefônico com sua escola, comunicando da sua participação na classe e obtendo-se informações referentes aos conteúdos que estão sendo trabalhados, no momento, em sua turma. Após alta hospitalar, é enviado relatório descritivo das atividades realizadas, bem como do seu desempenho, posturas adotadas, dificuldades apresentadas.
   Para que este seja legitimado, é necessário o carimbo e assinatura do diretor (escola da Rede Regular Estadual) a fim de encaminhá-lo à escola de origem.

   A proposta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (MEC, 1996) é a de que toda criança disponha de todas as oportunidades possíveis para que os processos de desenvolvimento e aprendizagem não sejam suspensos.

   A existência de atendimento pedagógico-educacional em hospitais em nada impede que novos conhecimentos e informações possam ser adquiridos pela criança ou jovem e venha contribuir tanto para o desenvolvimento escolar.

   Após alta hospitalar, é enviado relatório descritivo das atividades realizadas, bem como do seu desempenho, posturas adotadas, dificuldades apresentadas. Para que este seja legitimado, é necessário o carimbo e assinatura do diretor (escola da Rede Regular Estadual) a fim de encaminhá-lo à escola de origem.

Sentimentos da Criança Hospitalizada


       As crianças hospitalizadas não deixam de ser crianças. Mesmo enfrentando momentos difíceis e envolvidas em sofrimento, mantêm dentro de si um potencial lúdico que pode e deve ser explorado: podem ouvir, escrever, ler, pintar, inventar, expressar, expressar-se criativamente e brincar (AMORIM, 2004, p. 75). 


terça-feira, 19 de novembro de 2013

Apresentação

        Olá queridos leitores, me chamo Cintia Balen, sou acadêmica do 1º período do curso de pedagogia da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus de Chapecó, trabalho como técnica de enfermagem em um hospital que apesar do pequeno porte gera a convivência com situações que me induziram a questionar quais os métodos mais apropriados para continuidade da educação da criança hospitalizada, considerando a sensibilidade e vulnerabilidade e a abordagem deste público.